#gameplay exposição no Centro Cultural Itaú

Originalmente publicado aqui.

"GamePlay"
Itaú Cultural faz exposição de games
Mostra reúne seis instalações artísticas interativas e 11 consoles
15/07/09 às 14:25 | Agência Estado

Experimentando as seis instalações artísticas interativas e os 11 consoles da exposição "GamePlay", do Itaú Cultural, Laura Fiorato, de 11 anos, não sabia muito bem diferenciar os dois. Gostou tanto de jogar "Mario Kart", com o Wii, quanto de brincar com objetos na obra "Diorama Table", de Keiko Takahashi, que promove a interação entre os ambientes físico e virtual.

"As crianças, pelo aspecto lúdico das obras, não distinguem o que é um produto do mercado e o que se propõe arte", repara Marcos Cuzziol, gerente do Núcleo de Arte e Tecnologia da instituição. A mostra foi aberta na semana passada em São Paulo.

Assim como as crianças, a curadoria da mostra optou por não separar os games comerciais daqueles montados com uma intenção conceitual ou estética. De um lado, está o popular jogo de tiro em primeira pessoa "Halo 3".

Do outro, a "KinoArcade Machine", de Fernanda Neves Gomes, um fliperama no qual você pode remixar a narrativa do clássico filme "O Encouraçado Potemkin", de Sergei Eisenstein. Com o joystick e os botões, você pode borrar a imagem, realçar o contraste e adicionar cores ao original em preto e branco.

"Não quisemos entrar no mérito de discutir o que é ou não é arte, mas fazer que as pessoas interajam com ambos. A jogabilidade da arte pode até ser mais atrativa, já que não é padronizada. O estranhamento só dura até a pessoa entender a lógica do game", explica Cuzziol.

Experimento e mercado

Para o francês Maurice Benayoun, que desde os anos 1980 trabalha com obras interativas, a indústria de games e os artistas se complementam. "Nós apresentamos alternativas que, mesmo sem querer, acabaram sendo assimiladas comercialmente. Já o mercado, com sua produção, acaba barateando o nosso material de trabalho", explica.

Provando o que diz, Benayoun usa os sensores do Nintendo Wii na obra que expõe na GamePlay, "World Skin". Montada pela primeira vez em 1996 em Linz, na Áustria, a instalação usa uma câmera fotográfica para levar o jogador a cenários como o da 2ª Guerra Mundial. Ao enquadrar uma cena, ela some, mas não sem deixar um vulto permanente. "Não se apaga o passado", esclarece Benayoun, que ainda vê preconceito na atitude das pessoas em relação aos videogames.

Para o artista Carlos Praude, cuja obra "Quadro Sonoro" tem até fila para ser usada, essa atitude preconceituosa, hoje, fica restrita às pessoas mais velhas.

"Os moleques de 10, 11 anos não só estão adaptados à narrativa do game como já querem entender como fazê-lo", diz Praude, que desenvolveu uma caneta que permite que você "desenhe sons" em uma tela.

O software faz uma melodia própria para cada forma rabiscada. "A aceitação é enorme. Afinal, que criança não gosta de fazer uma arte na parede com o giz de cera?", brinca.

SERVIÇO:

"Gameplay Itaú Cultural". Até 30 de agosto. Itaú Cultural, Avenida Paulista, 149. Terça a sexta-feira, das 10 às 21h. Sábados, domingos e feriados, das 10 às 19h. Site: www.itaucultural.org.br. Entrada gratuita.

Nenhum comentário:

Postar um comentário